?Tragedy and hope
?False dawn
?A multidão solitária
?Do caráter cristão das instituições americanas
?A fronteira na história americana
?Cimarron
?The Organization Man
Estes são os 7 livros indicados pelo Prof. Olavo em apenas 17 minutos de aula.
Indicados é uma forma reduzida de dizer, ele de fato articulou os livros dentro do tema, abrindo tópicos com uns - principalmente ?A multidão solitária?, os continuando com outros. Não de uma forma seca, como a lista no início desta exposição, mas de forma pessoal, como se cada um desses livros estivesse ligado à sua própria vida.
E estão, como veremos o porquê na estratégia de execução.
A quantidade, muita em livros, pouca em tempo, já seria impressionante caso o tema da aula - Educação Doméstica - fosse sua grande especialidade; não é. É mais um dos centenas, que com mais ou menos, sempre vêm em aulas recheadas de livros.
Isso já havia me chamado atenção em meados de 2017 quando tive meu primeiro contato com trechos de suas aulas no Youtube, mas o que motivou a modelagem aqui exposta foi, após entrar no Curso Online de Filosofia, comprar e (tentar) ler alguns deles. A presença total deu o impulso faltante.
?A consciência se lança então na solitude, a fim de melhor se sentir entregue à infelicidade do abandono; obriga-se a afundar naquele abismo de miséria em que o nada a circunda, em que voz alguma lhe responde, em que as forças na natureza parecem aliar sua indiferença e sua brutalidade contra ela.?
Estive paralisado, lendo e relendo com o máximo de atenção esse trecho do segundo parágrafo por meses a fio, e que, naquele tempo, eu estaria mentindo se tivesse dito que entendi.
?Como ele consegue dar uma aula de 3 horas em cima de algo que eu não consigo passar da primeira página?!?.
Então, ficou claro meu desnivelamento em termos de leitura, o que seria inaceitável para continuar as + de 450 aulas faltantes.
Recuei, modelei, e após absorção, meu primeiro pensamento foi ?que desperdício ler o tanto que já li sem essa habilidade?.
Pensamento injusto, diga-se. Mas não totalmente sem fundamento.
Vamos explorar, ora porra!
Organizadas correlação à determinado assunto, as palavras que se seguem capa adentro contam histórias, dão exemplos, argumentam e principalmente, indicam experiências. A vaca estava brava é uma descrição cuja imagem mental todos podem criar. Alguns podem pensar na vaca malhada, ou toda preta, outros podem lembrar de uma vaca que viram quando criança e etc? os símbolos gráficos, estabilizados através da semântica, apontam então para algum tipo de experiência que o autor quis compartilhar.
Apontam, mas não as são.
O leitor deve olhar para além das palavras, buscando ao o que elas se referem.
O livro não pode fazer isso por nós, justamente porque um livro é um conjunto de registros, não de experiências. Somos nós enquanto leitores que precisamos preencher o registro, olhando para as experiências que eles tentam indicar.
É nesse gap entre o registro gráfico presente no objeto inanimado à sua frente e as experiências ali indicadas que atua a habilidade do Prof. Olavo.
Como é possível vivenciar as experiências apontadas pelo autor, sendo que muitos deles nós não conhecemos, por vezes viveram centenas, às vezes milênios antes de nós; como podemos olhar parecido se não sabemos como eles olhavam?
--
Imagine um grande campo, plano e de solo rico, com inumeráveis sementes ainda sem brotação. Algumas dessas com dezenas, talvez centenas de anos adormecidas naquele local.
O que falta é água, chuva suficiente para fecundar, hidratar, brotar e dar vida à várias daquelas plantas em potencial.
? A imaginação é a chuva da leitura.
Nos termos do próprio Professor: Absorção Imaginativa.
A habilidade de absorção imaginativa se apoia na única forma de vivenciar o que o autor tentou apontar através do que escreveu, essa habilidade utiliza o que nós já possuímos, como base para o que buscamos conhecer.
Independente do quão diferentes em tempo, personalidade ou estilo, todos nós vivemos no mesmo mundo.
No mesmo mundo daquele que escreveu Hamlet, ou da Mão e a Luva, ou mesmo dA Presença Total. Apesar de tão diferentes em mundo, história e vida, somos muito iguais. Iguais em experiências.
Você pode ter vivido a experiência de sentir ciúmes, eu também a vivi, Shakespeare certamente a viveu. Cada um de nós a sua forma, em lugares diferentes, com personagens diferentes, mas a experiência ?sentir ciúmes? está presente, e para a entendermos - por exemplo ao ler Otelo, é preciso regar as palavras com o húmus da imaginação.
A imaginação nos permite preencher com as próprias experiências de vida, aquilo indicado pelo autor. Você não precisa ser o próprio Otelo para sentir a diabólica influência de Iago, ou mesmo um Pároco espremido entre a vocação e a pressão da sua Aldeia.
Todos nós já fomos influenciados pelo mal, todos nós já estivemos entre aquilo que é de sua vocação e alguma influência externa.
Essas são experiências humanas, democráticas por Decreto.
A imaginação nos insere no jogo. É através dela, e não do raciocínio lógico etc?, que os registros se transformam em vivências. Sem a imaginação (natural para todos nós) é totalmente impossível criar vínculo experiencial com aquilo que o autor busca descrever, visto que experiência só pode ser ?entendida? experiencialmente.
Vamos à estrutura da habilidade.
O grande problema na maioria das leituras é quando se lê com senso crítico, tentando entender ou pensar sobre aquilo que diz o autor. Úlcera intelectual diria o Prof. Olavo, é o resultado para quando o leitor ainda não se impregnou das experiências indicadas no texto, buscando digerir o que não comeu. E continua, ao dizer que "essa é a fórmula para nunca entender nada!".
Infelizmente este é o método fomentado nas escolas.
No total oposto, com a habilidade de absorção imaginativa ficamos de mente cheia ao deixar-se impressionar.
O critério principal de deixar-se impressionar torna esse tipo de leitura um tipo passivo, por assim dizer. Cada linha, cada palavra, cada opinião ganham espaço como se assistíssemos a uma peça de teatro, ou um filme.
Assistindo 12 Homens e um Segredo ninguém tenta copiar cada passo das ações do bando, elaborar um plano e sair por aí roubando bancos, não! sabemos se tratar de um filme e lidamos com ele de forma imaginativa, povoando nossa mente.
Cada trecho do livro é como um pedaço de um filme acordado e dirigido por você mesmo com base na articulação dada pelo autor, coisa que ficará mais clara na estratégia de execução.
Perceba que ao se impressionar com algo, o que funciona em você nunca é o senso crítico, mas sim um impacto imaginativo e emocional.
O critério principal nos diz onde pôr o foco; o Significado Equivalente nos diz o que esse foco quer dizer em termos de experiências concretas.
Possivelmente todos já tiveram momentos da vida em que realmente se abriram ao que o outro estava dizendo (falando, mostrando, contando?). Momentos em que as palavras saíam da boca de outra pessoa, viajavam até seus ouvidos e tinham bandeira branca para habitar seu complexo mundo pessoal. Todos nós já viajamos ao ouvir histórias, lembramos do passado ouvindo piadas.
Se abrir ao que o outro está dizendo é o um set experiencial que casa perfeitamente ao critério explicado no passo anterior.
Perceba que ao pensar sobre o que alguém diz (o senso crítico tão exigido na educação atual), não há uma abertura, e quase sempre a tendência é encaixar o que leu à moldes que já possui, criando um ciclo vicioso que pode ser altamente complexo em raciocínio, mas que na página 2 é anti-inteligência.
Esteja aberto, sem medo, pois esse não será o último livro que lerá na sua vida; haverá o momento da digestão.
Aquele que tiver visto mais figurinhas será o homem mais inteligente. Gottfried Leibniz
Até então falamos sobre no que prestar atenção, a parte de crenças no Short Modeling, agora vamos entender a parte executiva, o que você deve fazer para a habilidade de Absorção Imaginativa acontecer durante uma leitura.
A Estratégia de Execução começa com 1) uma compreensão esquemática do texto à sua frente. Ou seja, faz-se uma leitura direta de um trecho para entender do que fala o autor. Como se fosse o take de um filme. À esmo:
O viajante sobe ao cume e encontra, no repouso, um prazer perfeito. Se repousasse sempre seria ele feliz? (eeee corta!).
A compreensão esquemática pode ser feita de um trecho do parágrafo, do parágrafo inteiro ou mais, vai depender da sua afinidade com a leitura. Particularmente levo um tempo para tomar o ritmo daquela leitura, ganhando afinidade com o estilo do autor, história, tema.
Porém, como nos explica o Prof. Olavo, um livro não é a experiência, mas sim um registro da mesma, nosso próximo passo é então 2) preencher o texto com substância.
É exatamente neste passo da estratégia de execução que ocorre o vínculo imaginativo tão comentado no início desta exposição. Preencher com substância significa refazer o que está lendo, com suas próprias vivências.
Nesse ponto, crucial para a absorção imaginativa, me chama atenção o esforço do Prof. ao fazer algo extremamente raro para seu estilo de aula: utilizar a lousa. Nela, escreveu determinadas palavras supondo um texto qualquer e foi demonstrando que para cada palavra, o que ele faz é puxar da sua memória, imaginação etc? o máximo de informações relacionadas ao texto. Enquanto Modelador de Habilidades não pude deixar de confirmar com absoluta certeza a importância da sua capacidade de leitura para o homem de estudos.
Você pode agora mesmo testar essa parte da estratégia com a frase do Vermelho e o Negro supracitada.
3) Remontar o drama inteiro.
Aquilo que iniciou como fossem trechos de um filme, naturalmente vai se articulando com tensões, problemas, dramas, etc? conforme cenas são adicionadas, passa a ser possível viver o que ali é exposto no livro da forma mais completa que conseguir.
Claro, livros de literatura montam esse drama com muito mais naturalidade do que livros de filosofia (especialidade do Prof.), mas o drama está tanto em um quanto em outro. O passo anterior te permite essa percepção, e este passo adiciona completude à vivência.
Um ponto interessante é que a vivência do drama deve ser feita na articulação proposta pelo texto, ou seja, você deve tentar o máximo que puder reviver a situação vivida pelo autor. Nas palavras do próprio Olavo: em qual situação eu preciso estar para ver as coisas como esse camarada está vendo?
Esse passo se segue até que você 4) sinta a pressão do conflito ali colocado. Nenhum livro é aplainado, liso, livre de dramas, caso fosse não teria sentido escrevê-lo. O drama vivido pelo autor, transformado em registros e organizado em um livro, agora revivido trará a coparticipação. Pois:
Você só entende um autor quando entende contra quem ele está falando.
(frase muito usada pelo Prof. e que no momento não recordo de qual autoria).
É esta a sensação que fecha a remontagem do drama, podendo seguir para o passo mais fácil e difícil da sua estratégia.
5) Esquecer daquilo.
O Professor Olavo explica em inúmeras aulas o quanto nosso pensamento atrapalha a compreensão da realidade, pois deixamos de ?pensar com as coisas?, e nos perdemos dentro da própria mente.
A solução? Não pensar? ou melhor, não se forçar a pensar. Removendo assim a corda que faz girar a máquina de moer lipídios.
Assim, deixar que naturalmente o fundo imaginário emerja em situações concretas, e que, pautadas na realidade, as experiências compartilhadas pelo autor se mostrem em sua vida.
Para ler um livro é preciso ter lido muitos livros. Jorge Luís Borges.
O último elemento desta habilidade é quase sempre o mais difícil para Modelar, visto que as emoções, principalmente em modelagens virtuais, são elásticas num tanto ao ponto de que é mais fácil explicá-las do que as rotular em um termo claro. Digo isso pois o termo da emoção energizante precisei eu mesmo cunhar, apesar de que todos logo poderão perceber o quão coerente ela é com toda estrutura aqui exposta.
Abertura passiva é um estado emocional duplo, abertura pois está disponível, com seus sentidos virados para fora, passiva pois não interfere nas informações que adentram seu ser.
Esta emoção energizante traz um senso de confiança verdadeira. Curioso, porque muitos têm medo de serem persuadidos, tentam blindar a mente e desgramam a lutar contra o espaço que aquele texto poderia ganhar em sua mente, ao final são muito mais doutrinados, justamente pela tensão de tentar se proteger.
Olavo não, transita em todo tipo de assunto, temas, autores das mais diversas envergaduras e intenções; a variedade favorece a inteligência.
Abertura passiva durante uma leitura é algo magnífico, maduro e que tem me permitido dia após dia, livro atrás de livro viver vidas que nunca viveria caso ficasse fechado dentro do meu próprio medo.
Aqueles que viram a exposição de outro modelo de leitura, a de Como Extrair Função dos Livros, hão de perceber o contraste radical entre essas duas habilidades in natura aplicadas ao mesmíssimo contexto.
Aquela, ativa, rápida, intencional. Esta, passiva, lenta, aberta.
Esse contraste serve de lição para algo que pessoas de estudo e que buscam autossuficiência em termos de habilidades precisam entender: os livros permitem formas de leituras variadas. Podemos ler apenas por entretenimento, ou como se sua vida dependesse daquilo, para se aprofundar ou para se situar, podemos ler para intenções distintas, inclusive no mesmo livro.
Logo, o que vai ditar seu tipo de leitura é a intenção que possui. O Prof. Olavo deixa claro ?não estude, nem leia nada se não tiver o interesse efetivo de guardar na memória?. Se não há intenção alguma, porque ler?! As sementes ficam estéreis. Se há intenção, então é preciso que haja habilidade enquanto suporte efetivo à sua intenção.
Como disse, se deseja algo rápido, precisa de uma habilidade para leitura do tipo rápida, se é apenas um passatempo, habilidade que te permita se divertir, se deseja estudar e florescer sua inteligência, desconheço habilidade mais ajustada do que a aqui exposta.
--
Já temos uma aula dedicada à absorção imaginativa com mais exemplos e detalhes que por vezes é muito mais natural para o formato de vídeo do que o de texto, se deseja assistir essa aula, a mesma se encontra como bônus em nosso projeto Modelagem Sistêmica.
Tudo de bom e keep modeling.